Casos de câncer no Brasil podem aumentar 78% nos próximos 20 anos

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 13 de setembro de 2018 às 20:26
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:00
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

A mortalidade deve subir de 9,6 milhões de pessoas atualmente para 16,3 milhões em 2040

O câncer
avança e 18,1 milhões de novos casos serão registrados em 2018 no mundo, com um
total de 9,6 milhões de mortes. Os dados foram publicados nesta
quinta-feira, 13 de setembro, pela Agência para a Pesquisa do Câncer, entidade ligada
à Organização Mundial da Saúde (OMS).

O
levantamento alerta que, se nada for feito, as incidências vão atingir 29,4
milhões de novos casos em 2040, uma expansão de 63% nos próximos 20 anos. A
mortalidade deve subir de 9,6 milhões de pessoas hoje para 16,3 milhões em
2040.

Essa
é a primeira vez desde 2012 que novos números estão sendo publicados. Há cinco
anos, eram 14,1 milhões de novos casos e 8,2 milhões de mortes. O que as
entidades alertam ainda é que serão os países emergentes que mais registrarão o
aumento de casos, com um salto de 62% até 2040 e um total de 10 milhões de
novos casos.

De
acordo com o levantamento, o Brasil somará em 559 mil novos casos de câncer,
com 243 mil mortes, em 2018. Mas as projeções da entidade apontam que a doença
pode sofrer um aumento de 78,5% até o ano de 2040, um dos maiores saltos entre
as principais economias. No total, 998 mil novos casos serão registrados. “Não
é uma boa notícia”, admitiu um dos cientistas da agência, Jacques Ferlay.
Para ele, os efeitos do tabaco, obesidade e falta de atividade física podem
explicar em parte o salto.

Hoje,
o câncer mais frequente no Brasil é o de mama, com 85,6 mil casos, 15,3% do
total. O segundo lugar é o de próstata, com 84,9 mil. Mas essa é a doença que
mais mata entre os incidentes de câncer, com 30% dos casos.

Hoje,
de acordo com o levantamento, um em cada cinco homens e uma em cada seis
mulheres desenvolverão o câncer durante suas vidas. A taxa de mortalidade é
elevada. Um em cada oito homens e uma em cada onze mulheres morrerão pela
doença.

No
total, 43,8 milhões de pessoas no mundo estão vivendo os cinco anos de
prevalência do câncer e 1,3 milhão delas estão no Brasil. Há cinco anos, eram
32 milhões de pessoas nessa situação. Se parte da explicação é a capacidade de
um número maior de pessoas de sobreviver à doença, ela não é o único motivo.

De
acordo com a pesquisa, o envelhecimento da população e mudanças de estilo de
vida ligado ao desenvolvimento social são dois dos fatores que estão contribuindo
para os números cada vez mais elevados.

Alimentação,
bebida, falta de atividades físicas e envelhecimento seriam alguns dos
principais fatores. Mas a agência diz não ter ainda dados que sustentem a
teoria de que a introdução massiva de novas tecnologias e telefones celulares
possam ter um impacto no número de doenças.

Ainda
assim, as regiões mais desenvolvidas do mundo são responsáveis por um volume
desproporcional de incidentes da doença. A Europa, com apenas 9% da população
mundial, conta com 23% dos incidentes de câncer no mundo. A Ásia, com 60% da
população mundial, registra 48% dos casos de câncer no mundo.

Incidência

Juntos,
mama, pulmão e colorretal representam um terço de todos as incidências de
câncer no mundo. Em 2018, a estimativa é de que 2,1 milhão de pessoas serão
afetadas por câncer de pulmão e 1,8 milhão de pessoas irão morrer. O câncer de
pulmão é ainda a principal causa de morte entre os cerca de 30 tipos de câncer.

Mas
um dos alertas se refere ao aumento de incidência da doença entre mulheres,
onde já é a primeira causa de morte em 28 países. As taxas mais elevadas entre
as mulheres estão na América do Norte, Europa (com especial destaque para
Holanda e Dinamarca), além de China e Austrália.

Mas a
esperança é de que, nos países ricos, o câncer ligado ao cigarro deve atingir
seu pico em 20 anos e começar a cair.

Já o
câncer de mama também afeta 2,1 milhões de pessoas e é o mais comum em 154 dos
185 países. Mas, por conta de sua alta taxa de diagnóstico, é apenas o quinto
que mais mata, com 627 mil casos por ano. Ainda assim, trata-se do maior
responsável por mortes de mulheres entre os diferentes tipos de câncer.

O
câncer colorretal vem na terceira posição e atinge 1,8 milhão de pessoas,
contra 1,3 milhão de incidentes de próstata.

“Esses
números mostram que muito ainda precisa ser feito para lidar com o aumento
alarmante do câncer e que a prevenção tem um papel importante”, disse
Christopher Wild, diretor da agência.

Freddie
Bray, chefe do sistema de monitoramento, também alerta que, hoje, menos de 40
países tem a capacidade de um diagnóstico de qualidade de câncer para a
população.


+ Saúde