Candidatos com mais de 30 anos farão Enem para buscar qualificação

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 28 de outubro de 2019 às 15:11
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:58
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Exame é usado como alternativa para quem deseja realizar o sonho de cursar o ensino superior

​A odontóloga Ana Luiza Pelegrinelli, de 32 anos, decidiu mudar os rumos da carreira e buscar uma segunda graduação. 

Morando em Brasília, ela é um dos quase 600 mil participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que têm mais de 30 anos de idade.

O Enem, que vai ser aplicado nos dias 3 e 10 de novembro, é usado como alternativa para quem deseja realizar o sonho de cursar o ensino superior, buscar uma melhor posição no mercado de trabalho ou mesmo mudar de carreira.

Atuando como dentista desde 2012, ela pretende agora cursar Medicina. A parte mais difícil, explica, é encaixar os estudos na rotina já corrida. 

Ana Luiza estuda por cerca de oito horas por dia e dedica os fins de semana aos conteúdos do exame. Mas, como a idade compensa, ela diz que lida com ansiedade e com o preparatório de forma diferente como tratou na primeira graduação .

“A cobrança está mais tranquila comigo mesma”, afirma.

“Com certeza a maturidade traz coisas impagáveis. Eu percebo fazendo questões como a minha cabeça funciona melhor na interpretação dos exercícios, no modo de enxergar o que a questão pede. Eu mudei muito e acho que isso faz diferença”, revela.

Trabalho e estudos

Aos 41 anos, Marcelo Petri, já superou a etapa da prova e hoje cursa Direito com uma bolsa integral graças ao Enem. 

Esta é a primeira graduação dele, que decidiu recorrer ao ensino superior para ter um melhor posicionamento no mercado de trabalho. 

“Quando eu receber o diploma, vou continuar os estudos até conseguir um bom concurso ou algo do tipo, conseguir estabilidade”, diz Petri, que trabalha no setor de vendas de uma fábrica de esquadrias.

Conciliar trabalho e estudos não é novidade para ele, que, desde os 12 anos de idade, está no mercado de trabalho. 

“A gente tem vontade de evoluir, mas sabe que, sem ter graduação, fica estagnado no mercado”. Foram três anos até conseguir nota suficiente para ingressar no ensino superior.

Ele estuda no Centro Universitário São Camilo, em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, e trabalha em Iconha, município a 40 kms de distância.

“A minha dificuldade na faculdade foi acompanhar os jovens, que vêm de ensino médio, que tem bagagem. Eu estava há muito tempo parado. Senti dificuldade no começo, mas agora, no segundo período, estou conseguindo acompanhar e tirar boas notas”, confessa.

Busca por mais qualificação

Segundo o fundador da LS Sistema de Ensino, Leandro Souza, o ensino superior faz a diferença no mercado brasileiro. 

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é exemplar.

Ela mostra que aqueles com ensino superior completo registram rendimento médio aproximadamente três vezes maior que o daqueles com somente o ensino médio completo e mais de seis vezes o daqueles sem instrução.

“O público com mais de 30 anos tem ansiedade para resolver a vida, quer fazer um concurso público, quer se qualificar para almejar um cargo melhor. São pessoas com família. Muitos têm filhos, têm emprego, não podem ficar o dia inteiro no cursinho”, argumenta.

Apesar da falta de tempo, esse público tem certas vantagens. Estudantes mais velhos às vezes têm o ponto negativo de que alguns estão há algum tempo sem estudar e isso desanima o recomeço.

“Mas, a partir do momento que superam o medo e acreditam que é possível, têm o benefício da história de vida, de mais responsabilidade e organização”, opina o professor de Biologia do curso Descomplica, Rubens Oda.

Tanto a LS Sistema de Ensino quanto o Descomplica oferecem serviços online para quem quer se preparar para o Enem. 

“A prova do Enem é previsível, tem todo ano”, observa Souza, ao comparar o exame a concursos públicos. “A prova é um pacote fechado, já se sabe as disciplinas mais cobradas, tem um histórico dos últimos anos”, o que, segundo ele, facilita os estudos.

Na reta final para o exame, Oda recomenda que os estudantes revisem as matérias. 

Não é em uma semana que o estudante vai aprender todas as matérias que vão cair no Enem. 

“É muito importante que se dedique à revisão dos principais conteúdos que apareceram nas provas, para que, a partir dessa revisão, consigam aumentar as notas”, recomenda.