Brasil registra alta de mortalidade infantil após décadas de queda

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 17 de julho de 2018 às 00:31
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:52
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País não registrava índice de crescimento desde 1990, de acordo com dados do Ministério da Saúde

A mortalidade infantil em 2016
interrompeu décadas de queda de mortes de bebês no Brasil, mostram dados do
Ministério da Saúde.

Pela 1ª vez desde 1990, o país
apresentou alta na taxa: foram 14 mortes a cada mil nascidos em 2016; um
aumento de 4,8% em relação a 2015, quando 13,3 mortes (a cada mil) foram
registradas.

Desde 1990, o país apresentava queda média anual de 4,9%
na mortalidade. Nos anos 1980, segundo o IBGE (Instituto brasileiro de
Geografia e Estatistica), o Brasil chegou a registrar 82,8 mortes por mil
nascimentos. Em 1994, a taxa chegou a 37,2; e, em 2004, a 21,5.

O Ministério da Saúde credita
a alta mortalidade à emergência do vírus zika (foram 315 mortes associadas ao
zika desde 2015) e às mudanças socioeconômicas.

Dados recentes, no entanto,
mostraram que a vacinação em crianças, um importante fator para a redução da
mortalidade, atingiu o menor nível em 16 anos.

Alerta recente do Ministério da Saúde também mostrou que
312 cidades relataram baixos índices de vacinação contra a poliomelite, que
voltou a circular nas Américas após registro na Venezuela.

Saneamento básico e vacinação

A taxa de mortalidade infantil
também é usada em relatórios internacionais como indicador de desenvolvimento
de modo geral, diz a Unicef, fundo das Nações Unidas para a Infância.

A Unicef registra que, historicamente, a queda da
mortalidade infantil no Brasil está associada a uma série de melhorias nas
condições de vida e na atenção à saúde da criança: segurança alimentar e
nutricional, saneamento básico e vacinação estão entre elas.

A instituição diz que a maior parte dos óbitos se
concentra no primeiro mês de vida, o que evidencia a importância dos fatores
ligados à gestação, ao parto e ao pós-parto.

Contudo, principalmente as mortes pós-neonatais (após os
27 dias de vida), estão relacionadas às condições socioeconômicas, diz a
Unicef.

Mortes por zika e cuidados

Desde 2015, o Brasil teve 351 mortes
de feto, bebês e crianças associadas ao vírus da zika, mostrou último boletim do ministério, com dados
coletados até 14 de abril de 2018.

Em relação às notificações —
e não casos confirmados — os estados que apresentaram maior número foram:
Pernambuco (175), Bahia (103), Rio de Janeiro (88), Minas Gerais (71) e Ceará
(69). Confira a divisão por região (não há mortes na Sul).

Segundo o boletim, de todos os
casos confirmados, 72,8% estavam recebendo algum tipo de cuidado em saúde.

Em relação ao protocolo do Ministério da Saúde, 24%
estavam recebendo o tratamento completo (puericultora – orientações após o
nascimento, estimulação precoce e atenção especializada).

Dificuldades de locomoção e de vagas, além da complexidade
do tratamento, podem justificar a ausência de todo o tratamento.


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