Brasil faz 380 transplantes de coração por ano e rejeição cai. Ouça áudio

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 8 de junho de 2018 às 11:43
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:47
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Especialista do Incor traça linha do tempo de avanços nos procedimentos de transplante cardíaco

Cinco ​décadas após o primeiro transplante de coração realizado no Brasil, o método passou por diversos avanços em relação à rejeição pelo organismo e à janela de transportação do órgão. Doutor Fernando Bacal, diretor do Núcleo de Transplantes do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas (HC), comenta a evolução do procedimento cardíaco.

No ano de 1968, o lavrador João Boiadeiro foi o primeiro a ter o coração transplantado no País. Contudo, por conta de complicações devido à rejeição do organismo, faleceu 28 dias após o procedimento. Segundo Bacal, a técnica utilizada para a realização do transplante era conhecida, entretanto, o Brasil – um dos pioneiros na realização do processo – não possuía medicamentos bons o suficiente para o controle da rejeição.

A partir do fim da década de 70 e início da década de 80, essa deficiência passa a ser suprida através do surgimento de novos imunossupressores, o que culmina na retomada dos processos no mundo inteiro e diminui a taxa de rejeição gradualmente, chegando ao número atual de quase 5 mil transplantes por ano e expectativa de 90% de sucesso no transplante atualmente.

Bacal ainda comenta que o tempo entre a retirada do órgão e a implantação deve ser de aproximadamente quatro horas. Esse “tempo de isquemia” é uma das dificuldades enfrentadas por conta do transporte do coração. No HC, por exemplo, 50% das doações não são da cidade de São Paulo. Em alguns países, existem equipamentos que possibilitam que o coração continue batendo fora do corpo, entretanto, o País ainda não dispõe dessa tecnologia.

No Brasil, são realizados aproximadamente 380 transplantes por ano, número que poderia ser maior com o desenvolvimento de novos centros especializados, como comenta Bacal.


+ Saúde