Brasil é o 2º no ranking do impacto da psoríase na qualidade de vida

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 19 de julho de 2018 às 01:49
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:52
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Mais de 70% dos pacientes relatam que a maior expectativa é a remissão completa das lesões na pele

Uma pesquisa internacional sobre a psoríase, feita
com 2.361 pessoas, revelou que a doença provoca grande impacto negativo na
qualidade de vida de 71% dos pacientes brasileiros.

A pesquisa ouviu homens e mulheres de 18 a 75 anos
em 26 países. Sobre os resultados do tratamento, a remissão completa das lesões
de pele é a principal expectativa para 73% dos pacientes. Mais da metade (58%)
dos brasileiros afirmaram que a doença interfere negativamente em suas
atividades profissionais.

O estudo, realizado
pela Hall and Partners e denominado Closer Together, coloca o Brasil em segundo lugar no ranking das nações
cujos pacientes relatam maior impacto da doença. Em primeiro lugar, aparece a
Arábia Saudita.
Segundo a pesquisa, 72% dos pacientes brasileiros disseram que sua expectativa
com relação ao tratamento foi atingida apenas parcialmente; 62% relataram alto
impacto da doença na vida social; e 67% desejavam voltar a ter uma vida normal.
“A psoríase é uma inflamação da pele que acomete os braços, o tronco e o couro
cabeludo. Normalmente, aparece em adultos jovens, de 20 a 40 anos. Pode também
começar na infância, ou com mais idade também, mas isso não é o mais comum”,
explicou Ricardo Romiti, coordenador do Ambulatório de Psoríase do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC USP).
A causa é multifatorial e passa pela predisposição genética. “Normalmente, há
casos na família, não de pai para filho, mas pode ter tio, avó”, disse o
médico.

A doença pode surgir
em qualquer fase da vida, influenciada pelo ambiente do indivíduo, pelo uso de
medicamentos ou estresse, fatores que interferem no sistema imunológico,
fazendo com que as células da epiderme comecem a se dividir aceleradamente. Por
isso, a pele fica com aspecto engrossado e formam-se escamas, que depois se
soltam.

Doença
não é contagiosa

Entretanto, a doença não é contagiosa, nem leva ao risco de
infecção para quem convive com ela. “Este é o outro lado da doença, que é
aparente e estigmatizante. Não tem como esconder, e isso repercute na qualidade
de vida, porque gera vergonha da aparência e faz com que o portador evite o
convívio social”, disse Romiti, que afirma que isso pode levar a um quadro de
depressão ou a alterações psicológicas bem sérias, não só no ambiente familiar
e social, mas também de trabalho, e afetar toda a vida do indivíduo.

Apesar de a psoríase não ter cura, as expectativas quanto aos
novos tratamentos que levam a doença a desaparecer quase, ou totalmente, são
animadoras. “Uma droga recém-aprovada no Brasil, a ixequizumabe, pode devolver
a qualidade de vida ao paciente. É um remédio de alto custo, uma injeção
aplicada mensalmente pela própria pessoa na barriga ou na perna, indicada para
as formas mais graves e pacientes que já falharam ao tratamento convencional”,
informou Romiti.

Ele explicou que o remédio age bloqueando no sistema imunológico
o mediador da inflamação, que está aumentado e causando a doença. “São
anticorpos, por isso, tem que ser injetável para entrar direito na circulação.
A inflamação vai diminuir gradativamente. Como, além da pele, a psoríase pode
atingir as articulações em forma de artrite, o medicamento acaba tratando
também esse quadro.”

O médico alertou ainda para o preconceito com relação à doença.
“As pessoas que não sabem ficam com medo de chegar perto da pessoa e de usar
objetos iguais. Não tem risco de contágio, pelo contrário, é preciso ajudar as
pessoas a terem vida saudável. Uma das coisas que ajudam a psoríase a melhorar
é o sol. Podendo frequentar praia e piscina, ajuda a controlar as lesões.”


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