Batatais e Altinópolis têm duas estações “coladas”. Veja as diferenças entre elas

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 13 de agosto de 2018 às 08:54
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:56
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No passado foi comum no país a destruição de uma estação para a construção de outra

A antiga estação (à esq.) e a que a substituiu, em Altinópolis (Marcelo Toledo/Folhapress)

Foi comum durante o desenvolvimento das ferrovias no país a destruição de uma estação para a construção de outra. 

Fosse para atender a uma demanda maior de passageiros e cargas ou até mesmo devido à localização das antigas estações, as novas surgiam para representar a modernidade e proporcionar mais conforto aos usuários.

Dito isso, causa estranheza à primeira vista a situação de Altinópolis (a 333 km de São Paulo), que tem a antiga e a nova estações exatamente lado a lado até hoje, já que a velha não foi destruída.

Apesar de o local ainda abrigar dois vagões de trem –um deles refeitório–, eles estão totalmente abandonados e trilhos e dormentes foram furtados ao longo dos anos.

Até vacas pastando há no local e uma parte da cobertura da antiga estação desabou.

Vagões apodrecem em meio às duas estações (Marcelo Toledo/Folhapress)

A estação original foi inaugurada em 1909, sob o nome Mato Grosso de Batatais, numa época em que Altinópolis ainda não existia oficialmente como município, o que só foi ocorrer dez anos depois.

O nome foi alterado quando a cidade deixou de pertencer à vizinha Batatais e a estação, que funcionava também como armazém, atendeu passageiros e cargas até 1935, quando surgiu o prédio “novo”, em estilo art déco.

O antigo, com isso, passou a ser utilizado somente como armazém. Hoje tem vidros quebrados e paredes descascando.

Já o novo, sem utilidade desde o fim do transporte, em 1999 passou a abrigar um centro de convivência da terceira idade.

SAQUES

O saque ao espólio ferroviário já dura ao menos duas décadas no trecho entre a cidade e São Sebastião do Paraíso (MG), que faziam parte da Estrada de Ferro São Paulo-Minas e não recebem mais cargas –tampouco passageiros.

Em 2007, por exemplo, 14 pessoas foram presas sob a suspeita de integrarem uma quadrilha que furtava os trilhos para desmanchar ferro e aço. Ao menos 50 quilômetros de trilhos já foram furtados no trecho.

A São Paulo-Minas surgiu com este nome em 1902 e chegou a ligar Bento Quirino –distrito de São Simão (a 280 km de São Paulo)– a São Sebastião do Paraíso (MG).

A trajetória da companhia ferroviária foi marcada por crises, que resultaram na incorporação ao patrimônio do estado no início da década de 30 e na transferência para gestão da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, em maio de 1967.

Ela foi uma das cinco companhias ferroviárias que se transformaram em 1971 na Fepasa (Ferrovia Paulista S.A.). Esta, por sua vez, passou a pertencer à Rede Ferroviária Federal na década de 90.

Plataforma de embarque e vagões abandonados em Altinópolis (Marcelo Toledo/Folhapress)

HÁ FUTURO?

Ao longo de sua trajetória, as “estações irmãs” serviram para a colocação de placas comemorativas alusivas ao passado ferroviário.

Em 1981, uma placa já dizia que a estação “foi, no início do século, o ponto de ligação da riqueza de São Paulo e Minas” e que, naquele momento, ela renascia “acompanhando o progresso e o espírito altinopolense”.

Já em 1999, outra delas homenageava a estação, que “sempre representou um marco no progresso de nossa cidade”.

Há pouco menos de três anos, em outubro de 2015, foi publicado no Diário Oficial da União a cessão, pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), de uso gratuito à Associação São Paulo e Minas de Preservação Ferroviária, por 20 anos, de algumas estações, entre elas Altinópolis.

Fazem parte também imóveis em Biagípolis (Serrana), Itaú de Minas (MG), Guardinha (MG) e São Sebastião do Paraíso (MG). A ideia é implantar uma rota turística, mas ainda não há definição.

(Por Marcelo Toledo no Blog Sobre Trilhos)


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