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Grupo da capital paulista se apresenta nesta noite, 08, no Espaço Cultural Shake Shake Shake, em Franca
Eles estão dando o que falar! Com músicas de alta qualidade e apresentações performáticas, o grupo “As Bahias e a Cozinha Mineira”, de São Paulo (SP), tem ganhado espaço na mídia, e uma legião de novos fãs.
A banda é formada pelo guitarrista Rafael Acerbi, no piano e teclados Carlos Eduardo Samuel, baixo de Rob Ashtoffen, bateria de Vitor Coimbra, na percussão Danilo Moura e as intérpretes Raquel Virgínia e Assucena Assucena. Deivid Santos é quem assina a produção musical.
Entretanto, a ideia da banda, inicialmente foi concebida pelo trio de artistas Assucena Assucena, Rafael Acerbi e Raquel Virgínia. Os três se conheceram em 2011, na faculdade de História da USP. A partir de então, iniciaram uma intensa amizade em torno de ideias musicais e artísticas.
O nome da Banda se deve ao fato de que as duas cantoras, transexuais, coincidentemente tinham o mesmo apelido “Bahia”, e o guitarrista mineiro Rafael que formaria a “cozinha” sonora da banda. Desde que começou a se apresentar nas festas da USP, grupo ficou conhecido por seu show altamente performático e lúdico.
As Bahias e a Cozinha Mineira lançaram seu primeiro trabalho, chamado Mulher. A obra, elaborada entre 2012 e 2015, apresenta paisagens da tradição e da modernidade da música brasileira de forma muito original e sensível. O título do álbum enlaça e compõe a transcendência do disco.
Na noite dessa sexta-feira, 8, o grupo se apresenta com exclusividade em Franca, no Espaço Cultural Shake Shake Shake. O show está agendado para as 21 horas e os ingressos ainda podem ser adquiridos no próprio espaço, que se localiza na Rua Tiradentes, 1613, no centro da cidade.
Confira a entrevista concedida pela banda com exclusividade ao Jornal da Franca:
JF – Como surgiu a ideia de criar uma banda? Vocês já possuíam alguma experiência musical anterior?
Rafael: Cada um de nós ja trazia consigo uma relação bastante íntima com a produção artística. Eu sou de Poços de Caldas, Sul de Minas, e tive varias bandas na região, gravando alguns discos e sendo muito influenciado pela grande escola de musica mineira que foi o Clube da Esquina liderado por Milton Nascimento. Mas foi a partir de 2011, quando nos conhecemos na USP, que surgiu a ideia de montarmos uma banda. De início, formamos a banda Preto Por Preto, que nasceu logo apos a morte da Amy Winehouse. Foi um período muito frutífero em relação à produção artística, quando participávamos de saraus e festivais de movimentos sociais na USP.
Em 2012, a partir do contato massivo que tivemos com a obra de Gal Costa, nasceu a ideia de se trabalhar com afinco num disco conceitual, que so foi lançado em novembro de 2015, nosso primeiro álbum “Mulher”.
Assucena: E cresci ao pé de uma vitrola, ouvindo a diversidade da música baiana de Elomar e Xangai a Ivete Sangalo. Minhas experiências musicais como artista foram cantando nos corais de instituições de ensino e religiosas de Vitoria da Conquista, mas nada profissional.
Raquel: Eu nasci em São Paulo no Grajau e morei em Salvador por alguns anos na intenção de ser cantora de axé nos trios elétricos. Mas voltei pra São Paulo também em 2011.
JF – A aceitação foi positiva dentro da USP, quando a banda foi formada?
Assucena: Muito! A USP foi nossa casa e o espaço onde fizemos as nossas primeiras experimentações artísticas. O Espaço da FFLCH nos trouxe muitas ferramentas para pensar sobre a nossa arte e sobre política e sociedade. Tivemos muitos contatos e participamos de muitos eventos com o Núcleo de consciência Negra da USP, o sarau do Binho, o movimento estudantil, movimento LGBT.
JF – Na opinião de vocês, como se dá o empoderamento através da música?
Banda: De muitas maneiras, mas principalmente da questão da revolução dos costumes e comportamentos.
JF – Vocês acreditam que essa “exposição” e sucesso de vocês têm levantado questões importantes a cerca da sexualidade na mídia e sociedade?
Banda: Com certeza! Estamos passando por processos importantes de transformação de como a imprensa aborda os assuntos sobre sexualidade e contribuímos para uma discussão mais qualitativa, sim. Nosso trabalho traz perspectivas que surpreendem um público que passa a enxergar por outra perspectiva a travestilidade.
JF – Como surgiu o convite para se apresentarem em Franca?
Raquel: Muitos amigos artistas da cena paulistana, como Tassia Reis e Liniker, tem comentado conosco sobre o Espaço Shake Shake Shake e como ali tem se articulado muitos shows fantásticos com uma receptividade calorosa do público. Estamos muito animadas com o convite.
JF – Qual a expectativa para o show aqui?
Rafael: A expectativa é ótima, pois é a primeira vez que tocamos em Franca. Faremos um show em São Carlos e estamos começando a rodar o interior de São Paulo para a formação de público e divulgação do nosso trabalho.
JF – O que o que o público pode esperar da apresentação de vocês?
Rafael: Nosso show é muito marcado pela questão performatica. A Raquel e a Assucena trazem juntas uma postura muito visceral dentro dos palcos e os arranjos da banda carregam consigo muitas referencias à MPB dos anos 1970. Com um repertório variado, no qual alternamos músicas autorais com reinterpretações de clássicos como Preta do Acarajé de Dorival Caymmi e Dê um Role dos Novos Baianos, o público pode esperar um show muito intenso.