Bacon e outras carnes processadas aumentam o risco de câncer de mama

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 7 de outubro de 2018 às 00:19
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:04
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Conclusão faz parte de uma análise sistemática de 15 pesquisas realizadas com mais de um milhão de mulheres

Comer bacon e salsicha com
frequência pode aumentar o risco de câncer de mama, conclui estudo publicado
recentemente no International Journal of Cancer.

Em uma revisão sistemática de 15 pesquisas, cientistas
de diversos países – entre eles Estados Unidos, Reino Unido, Japão e Itália -,
apontaram no levantamento que mulheres que consomem altos níveis de carne
processada apresentam um risco 9% maior de desenvolver a doença, em comparação
com aquelas que comem pouco.

Os achados confirmam descobertas anteriores da
Organização Mundial de Saúde (OMS), que coloca as carnes processadas na lista
de alimentos que considera cancerígenos.

Especialistas recomendam, no entanto, cautela em relação aos resultados
do estudo, já que as pesquisas avaliadas têm definições diferentes do que seria
“consumo elevado” e, muitas vezes, têm caráter observacional – ou
seja, levam em consideração informações fornecidas pelos pacientes, não sendo
suficientes para estabelecer relação direta de causa e efeito.

Qual é o risco?

No Reino Unido, cerca de 14 em cada 100 mulheres terão câncer de mama em
algum momento de suas vidas.

O aumento de 9% no risco sinalizado pelo estudo poderia se traduzir em
aproximadamente um caso “extra” a cada 100.

A ONG britânica Cancer Research UK, dedicada a combater a doença, estima
que cerca de 23% dos cânceres de mama podem ser prevenidos.

Estima-se que cerca de 8% dos casos sejam motivados ​​por excesso de
peso e obesidade, enquanto outros 8% pelo consumo de álcool.

Os autores do estudo, publicado no International Journal of Cancer,
afirmam que a relação que eles encontraram se refere apenas à carne processada,
e não à carne vermelha.

A OMS lista a carne processada como cancerígena, principalmente devido a
evidências que a associam a um risco elevado de câncer de intestino, enquanto a
carne vermelha é classificada como “provavelmente cancerígena”.

A OMS lista a carne processada
como cancerígena, principalmente devido a evidências que a associam a um risco
elevado de câncer de intestino, enquanto a carne vermelha é classificada como
“provavelmente cancerígena”. 

O
que é carne processada?

A carne processada é
modificada para estender o prazo de validade ou alterar o sabor – é geralmente
defumada, curada, salgada ou contém conservantes.

Entre elas, estão o bacon, linguiça, salsicha, salame,
carne enlatada, carne seca e presunto.

Existem diferentes teorias de por que esse tipo de
alimento pode aumentar o risco de câncer – uma delas diz que o conservante pode
reagir com a proteína da carne, tornando-a cancerígena. 

Até que ponto as descobertas são
confiáveis?

O estudo, que inclui dados sobre mais de um milhão de
mulheres, mostra uma ligação entre o consumo de carne processada e o risco de
câncer de mama, mas não está claro se esse tipo de alimento realmente causa a
doença.


outras questões a serem consideradas.

Os 15 estudos analisados têm
diferentes definições para o que seria uma taxa de consumo elevada.

Por
exemplo, uma pesquisa do Reino Unido classifica o alto consumo em mais de 9
gramas por dia – o equivalente a apenas duas ou três fatias por semana,
enquanto outros estudos consideram uma quantidade muito maior.

Além
disso, a maioria das pesquisas analisadas é observacional, então não conseguem
provar relação de causa e efeito, se baseando na memória das participantes
sobre o que e quanto comeram.

Os
pesquisadores registraram o relato das mulheres e as acompanharam para ver se
desenvolveriam câncer de mama.

Mas o problema desta
metodologia é que quem consome mais ou menos carne processada também pode ter
outros hábitos diferentes, que podem explicar as diferenças no risco de
desenvolver a doença. 

Devemos cortar a carne processada?

A principal autora do estudo, Maryam Farvid, da Escola T.H.
Chan de Saúde Pública de Harvard, nos Estados Unidos, recomenda reduzir o
consumo de carne, em vez de eliminá-la por completo.

Atualmente,
o sistema público de saúde britânico (NHS, na sigla em inglês) recomenda não
ingerir mais de 70g de carne vermelha e processada por dia.

Gunter Kuhnle, professor
associado de nutrição e saúde da Universidade de Reading, no Reino Unido, que
não participou do estudo, disse que era “questionável” se as pessoas
deveriam reduzir seu consumo de carne vermelha e processada por causa desta
pesquisa.

Segundo ele, o risco real representado pelas carnes
processadas é “muito pequeno” para o indivíduo e mais relevante para
a população em geral.

Ele diz,
no entanto, que os resultados do estudo devem ser acompanhados para investigar
a relação entre carne processada e câncer – e verificar se o risco associado
pode ser reduzido, por exemplo, por meio de novos métodos de produção de
alimentos.


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