Aumenta o número de jovens que fazem parte da Geração “nem-nem”

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 18 de maio de 2018 às 14:46
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:44
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Com idade entre 15 e 29 anos, jovens não estudam e nem trabalham, alegando motivos diversos

Em 2017, o Brasil tinha 48,5
milhões de pessoas com idade entre 15 e 29 anos, mas 11,1 milhões delas não trabalhavam
e também não estavam matriculadas em uma escola, faculdade, curso técnico de
nível médio ou de qualificação profissional.

Conhecido como ‘nem-nem’, esse grupo representava 23% do
total de jovens brasileiros no ano passado, e aumentou em relação ao ano
anterior, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua
(Pnad) divulgados na tarde desta sexta-feira, 18 de maio, pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Geração “nem-nem”

De acordo com os números, a variação entre 2016 e 2017 foi de
619 mil jovens de 15 a 29 anos a mais nessa condição – em 2016, 21,8% das
pessoas nessa faixa etária estavam no grupo ‘nem-nem’.

Marina
Águas, coordenadora da pesquisa, ressaltou que os dados apresentam um
“estudo ampliado”, ou seja, não consideram apenas se a pessoa está
matriculada no ensino regular, mas também em outros tipos de educação informal,
como os cursos pré-vestibulares, curso técnico de nível médio ou um curso de
qualificação profissional. 

Redução da ocupação

De acordo com o estudo, entre 2016 e 2017 o número de jovens
estudando permaneceu estável, o que ocorreu foi uma “redução da
ocupação”: tanto a porcentagem da população ocupada nessa faixa etária
recuou de 35,7% para 35% quanto a de jovens que estudavam e trabalhavam, que
caiu de 14% para 13,3%.

Entre as
diferentes faixas etárias da juventude, os índices se mantiveram estáveis entre
os adolescentes de 15 a 17 anos e entre 25 e 29 anos, mas aumentou entre quem
tem de 18 a 24 anos. 

Abaixo da meta

De acordo com a meta 12 do Plano Nacional de Educação (PNE),
até 2024, 33% das pessoas entre 18 e 24 devem estar matriculadas no ensino
superior. Em 2017, essa porcentagem foi de 23,2%, e se manteve estável em
relação a 2016, segundo a Pnad.

No
total, 25,1 milhões de jovens, não estavam matriculados em 2017 em nenhum tipo
de curso de ensino regular, pré-vestibular, técnico de nível médio ou de
qualificação profissional, mas não haviam concluído uma graduação, ou seja,
ainda tinham o ensino superior incompleto.

Desses,
64,2% eram pessoas de cor preta e parda, segundo a Pnad. “De 2016 para
2017, foram 343 mil pessoas a mais nessa situação, equivalendo a um aumento de
1,4% desse grupo”, diz a pesquisa. 

Diferença de gênero

A Pnad também oferece dados sobre os motivos dados pelas
pessoas para não estarem estudando. Do total de pessoas nessa situação, 7,4%
afirmaram que já haviam concluído o nível de ensino que desejavam. Mas os
demais motivos tiveram respostas variáveis de acordo com o sexo

Entre os
homens, 49,4% afirmaram que as razões eram ou porque trabalhavam, ou porque
estavam buscando emprego ou já conseguiram trabalho, que começariam em breve.
Entre as mulheres, essa justificativa foi usada em 28,9% dos casos.

O
segundo motivo mais comum para os homens não estudarem é a falta de dinheiro
para pagar a mensalidade, o transporte, o material escolar ou outras despesas
educacionais. Ele foi apontado por 24,2% dos homens e 15,6% das mulheres. 

Cuidados com os filhos e a casa

Por outro lado, entre as mulheres, o segundo motivo mais
citado para estarem fora da sala de aula é ter que cuidar dos afazeres
domésticos ou de criança, adolescente, idosos ou pessoa com necessidades
especiais. Essa razão foi apontada apenas por 0,7% dos homens.

Marina
Águas explica que esse tipo de cuidado doméstico ou com a família, segundo a
Organização Internacional do Trabalho (OIT), configura trabalho.


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