Atendimento noturno de mulheres segue confuso na rede pública de saúde

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 22 de março de 2018 às 09:50
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:38
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Iniciativa de realizar atendimentos em horário diferenciado é interessante, mas deve ser bem organizada

Uma boa ideia do secretário municipal de Saúde, Rodolfo Moraes, e apoiada pelo prefeito Gilson de Souza (DEM), o atendimento noturno para mulheres em 14 UBSs – Unidades Básicas de Saúde – de Franca, não está obtendo o resultado esperado por falta de informações.

A divulgação dos atendimentos foi feita de forma discreta, tanto na mídia como nos veículos de comunicação oficiais. A desorganização começou no horário, que inicialmente seria das 17 às 20 horas, mas depois mudou para 16h30 às 19 horas. A princípio, a intenção é encerrar a campanha nesta sexta-feira, mas poderá haver prorrogação.

Outro ponto que ficou implícito foi a gama de atendimentos oferecidos. Muitas pacientes entenderam que seriam avaliadas por um médico, quando na verdade o acolhimento é feito por enfermeiras.

Não se trata de consultas, mas de exames preventivos – importantes, é verdade​ – como a coleta de material para realizar o papanicolau e encaminhamento para mamografia, quando o mesmo for indicado, segundo o protocolo.

A importância da comunicação fica evidente. Muitas mulheres, desavisadas, foram às unidades sem cumprir com os requisitos preparatórios para, por exemplo, passar pelo papanicolau, como se abster de relações sexuais por dois dias, não ir a piscinas nos dias que antecedem a coleta e usar cremes vaginais – tudo isso pode alterar o resultado do exame.

Na tarde de segunda-feira, a cuidadora RF foi até a UBS do Jardim Guanabara, mas se frustrou. “Quando ouvi falando de atendimento à noite, achei que seria com um médico, mas fui ver que era só exame e nem assim pude fazer. Acho bom o que a Prefeitura está fazendo, mas poderia ser melhor explicado”, disse a mulher.

Sem efeito

Se a intenção do governo era atender as mulheres em horário alternativo para beneficiar aquelas que não podem ir durante o dia, por trabalharem ou terem outros compromissos, não deu certo. 

Em várias unidades, o cenário se repete. Somente uma enfermeira realiza os atendimentos  e dá as orientações e não consegue, sozinha, eliminar a demanda.  Cada paciente leva cerca de 25 minutos para realizar todo o procedimento.

Nas UBs do Jardim Planalto e no Guanabara, por exemplo, a recomendação nesta quinta-feira era de que as pacientes chegasses até as quatro da tarde. Para quem sai da fábrica de sapatos às cinco ou do setor comercial às seis, por exemplo, os atendimentos noturnos em nada vão resolver.


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