compartilhar no whatsapp
compartilhar no telegram
compartilhar no facebook
compartilhar no linkedin
As janelas estavam todas abertas. Mas há quanto tempo? Quanto tempo eu passei por elas sem perceber isso? Durante quanto tempo saí e entrei nessa mesma casa sem olhar para os detalhes. Para aquela cômoda velha que nada tinha a ver com o resto da sala. Para os armários da cozinha que agora se desfazem pelo desgaste natural. Como consegui viver tanto tempo de olhos fechados? Distante da realidade, da verdade. Tantos anos vivendo uma vida inventada. Acomodada. Apagada. Triste. Senão fosse pelo vento suave que insistiu em me trazer o cheiro gostoso da grama verde, talvez não tivesse notado que lá fora o inverno já havia cedido lugar para a primavera. E que agora era tempo de flores. De me deixar guiar pela suavidade das cores. Pela alegria dos pássaros. Sem amarras. Sem destino certo. Apenas com a liberdade na bagagem e o desejo de ser feliz. Hoje. E quem sabe, amanhã.
*Esta coluna é semanal e atualizada às sextas-feiras.