Armadilhas invisíveis que contribuem para aumentar o cansaço no dia a dia

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 26 de maio de 2018 às 02:37
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:45
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Nem só o estresse ou noites em claro são os vilões – alimentação desequilibrada também tira a disposição

O estilo de vida
moderno tem deixado as pessoas cada vez mais cansadas. Mas não falamos apenas
de estresse ou noites em claro. Muitas vezes, o que leva sua disposição embora
é uma alimentação desequilibrada.

Acredite: dependendo de como anda sua dieta, o corpo
pede arrego. Veja alguns hábitos que podem estar minando sua energia:

– Exagerar nas refeições

Já percebeu como bater uma pratada no almoço
acarreta uma sonolência indomável durante a tarde? “Isso ocorre porque, após
uma refeição volumosa, o organismo é forçado a trabalhar mais em prol da
digestão”, explica a nutricionista Sílvia Albertini, da Faculdade de Medicina
de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo.

Aí, o fluxo sanguíneo é direcionado para estômago,
intestino e companhia. Como consequência, a circulação no cérebro fica
comprometida. Resultado: aquela tarefa que exige bastante da massa cinzenta
certamente será executada com uma dose de dificuldade. Para não sofrer, a
solução é ser comedido ao montar o prato.

De acordo com Antonio Herbert Lancha Jr., professor
titular de nutrição da Escola de Educação Física e Esporte da Uiversidade de
São Paulo (USP), esse cuidado facilita o processo digestivo e assegura que o
aporte de sangue seja distribuído de maneira democrática por todos os cantos.

– Diminua fontes de proteína e sal

É o que sugere um experimento de laboratório
conduzido pelo químico William Ja, do Instituto de Pesquisa Scripps, nos
Estados Unidos. No trabalho, moscas enfrentaram o que o cientista chamou de
“coma alimentar” após abusarem de fontes de proteínas e sal. “Essa sonolência
pode ser um reflexo para regular a assimilação e a digestão dos nutrientes
depois da ingestão de certos alimentos”, especula Ja. Outro elemento lembrado
por incitar bocejos em horários indevidos é a gordura. “Assim como a proteína,
ela demora mais para ser digerida”, afirma a nutricionista Lara Natacci, da
clínica Dietnet, em São Paulo. Não é motivo para negar a feijoada de
quarta-feira com o pessoal do trabalho – mas está aí uma evidência extra a
favor da moderação.

– Menos junk food

A gente deve prestar atenção à qualidade nutricional
dos alimentos por mil motivos. E um deles seria justamente a influência em
nossa disposição. Um estudo da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos,
comprovou, em cobaias, que seguir uma dieta cheia de comida calórica e
gordurosa (a popular junk food) por dois meses impactou de forma significativa
na disposição dos bichos – eles demoravam muito para cumprir tarefas pelas
quais recebiam recompensas. “Cortar esses alimentos da rotina leva a melhoras
dramáticas em vários fatores cognitivos e de saúde mental”, diz o autor do
trabalho, o professor de neurociência comportamental Aaron Blaisdell.

Nesse combo, entram falta de energia e sensação de
cansaço. Para o pesquisador, o padrão alimentar ideal varia de acordo com cada
indivíduo – ele, por exemplo, não se dá bem com carboidratos, enquanto outras
pessoas lidam mal com gorduras. “Mas o denominador comum em dietas saudáveis é
o fato de excluírem itens altamente processados”, pontua.

Um menu à base de lanches, sorvete, batata frita e
refris tem tudo para detonar a saúde e abalar a energia. Mas, salvo exceções,
dá para se entregar a essas tentações vez ou outra. “Não concordo com
terrorismo nutricional. Só é preciso aprender a comer com bom senso”, opina a
médica Cíntia Cercato, da Sociedade Brasileira de endocrinologia e Metabologia
(Sbem).

– Sem dietas radicais

Deseja perder peso? Pois isso não é desculpa para
embarcar em propostas malucas. Agora, se colocá-las em prática, fique sabendo:
a pobreza nutricional e a redução brusca de calorias típicas de cardápios
restritivos são passaportes para a moleza se instalar no corpo. “Além de
causarem prejuízos em termos de energia, esses regimes mexem muito com o estado
de raciocínio e até com as relações pessoais”, avisa Lancha Jr. Para completar,
o projeto de emagrecimento tem tudo para dar errado.

Segundo a
nutricionista clínica Daniela Muniz, de Florianópolis, esses planos alimentares
são insustentáveis. “Se perder peso dependesse apenas de restringir números,
seria fácil. Mas é um processo mais complexo”, ressalta a nutricionista. Por
essas e outras, compensa esquecer as dicas da internet e buscar auxílio de um
profissional.


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