Após DNA, bebês trocados na Santa Casa de Franca são entregues às mães

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 26 de abril de 2018 às 12:28
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:42
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Crianças nasceram no mesmo dia, receberam pulseiras corretas, mas foram levadas às mães erradas

Um exame de DNA comprovou que
dois bebês foram trocados logo após o nascimento na última sexta-feira, 20 de
abril, na Santa Casa de Franca. O pai de um deles apontou a suspeita ao
desconfiar das características da criança entregue à família, o que levou o
hospital a realizar os testes. As mães passaram cinco dias internadas no mesmo
quarto com os filhos à espera do resultado.

Em nota, a Santa Casa de Franca informou que houve a
inversão das crianças em virtude de um procedimento pontual. Segundo o
hospital, as famílias foram imediatamente comunicadas no momento em que foi
constatada a troca e o DNA foi realizado para tranquilizá-las. A nota não
especifica, no entanto, como se deu o erro. 

Pulseira certas para mães erradas

Filho da manicure Glaciela Martins Cintra, Kauã nasceu à 0h10
de sexta-feira. A dona de casa Eliane Salviano de Souza deu à luz a Iuri treze
minutos depois. Os bebês nasceram saudáveis e foram levados à pediatria, onde
receberam atendimento e uma pulseira de identificação.

Segundo
Eliane, o drama teve início no momento da primeira mamada, quando uma das
enfermeiras trocou as crianças ao entregá-las às mães no quarto. No dia do
parto, apenas ela e Glaciela estavam internadas. “O meu marido
foi quem percebeu que tinha alguma coisa errada, porque ele não estava parecendo
com os meus meninos, ele estava bem mais clarinho.”

Eliane afirma que o hospital foi avisado sobre a suspeita, mas a
hipótese só se confirmou depois que outra funcionária checou a pulseira no
braço da criança. “Eu recebi o bebê da Glaciela com o nome dela e ela recebeu o
meu nenê com o meu nome. Só que nós nem olhamos as pulseirinhas, dos meus
outros filhos eu não olhei e estava tudo certo.” 

Exigência do DNA

Confiante de que um erro dessa natureza jamais aconteceria em
um hospital, Glaciela também não conferiu a pulseira do filho. Ela só começou a
desconfiar da troca quando o bebê apresentou características físicas diferentes
dela e do pai. “Fiquei três dias com o bebê trocado. Aí eu comecei a ver
diferenças nos traços do rosto.”

Com medo de que elas fossem
liberadas da unidade com os filhos errados, as famílias exigiram que o hospital
providenciasse os testes de DNA. As mães passaram cinco dias na unidade e até
que tudo pudesse ser esclarecido, uma amamentou o filho da outra.

“Eu
chorava muito quando eu fiquei sabendo que tinham trocado os nenês. Eu não
queria destrocar, eu queria ficar com o que eles me entregaram. Eu só chorava e
nem queria pegar meu filho no colo”, diz Eliane. 

Alívio

O resultado confirmando a incompatibilidade genética das mulheres
e dos recém-nascidos foi divulgado na terça-feira, 24 de abril, dando fim aos
dias de angústia das famílias. Para a dona de casa, o erro da enfermeira
poderia ter causado sérias consequências às vidas de todos os envolvidos. “Nunca
mais quero me separar dele. Espero que não aconteça com outras mães, porque eu
não desejo a ninguém o que eu passei”, diz Eliane.

De acordo com a Santa Casa, a
instituição “possui protocolos de checagem e segurança do paciente,
protocolos estes, que detectaram a ocorrência, e que o assunto foi tratado com
clareza e transparência junto aos familiares, que ficaram cientes de todos os
acontecimentos.”

O
hospital informou que as equipes estão em constante treinamento e os protocolos
internos, inclusive de segurança do paciente, são constantemente revistos e
atualizados.


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