Apesar de raríssima no Brasil, raiva que acomete humanos ainda acontece

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  • Publicado em 17 de setembro de 2018 às 16:11
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:01
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Vacinação antirrábica é obrigatória por lei e trata-se de fator relevante para o controle da doença

Ela transforma uma pessoa em um quase zumbi e, segundo dados científicos, a mortalidade beira os 100%. Mais rara do que a própria doença foram as pessoas que conseguiram sobreviver à raiva humana. Todas elas procuraram centros de saúde após serem mordidas por um animal. O novo caso de raiva humana que terminou com morte aconteceu no Recife (PE) e elevou o alerta da população do Nordeste.

Entre todas as zoonoses transmitidas pelos cães e gatos para os humanos, a raiva é uma das mais temidas. Isso porque depois de transmitida ela pode ser incurável, considerando que não existe medicamento com eficácia comprovada para tratamento. “É por isso que a vacinação dos pets é indispensável para a prevenção da raiva. Esta é a única e eficaz forma de prevenção”, diz Karin Botteon, médica veterinária.

Desde 1990 os casos de raiva humana diminuíram drasticamente no Brasil, chegando a zero em 2014. No entanto, desde 2015, casos de raiva vêm levando humanos a óbito, inclusive em 2017, segundo dados do Ministério da Saúde. Para o combate à doença, agosto entrou no calendário nacional como o mês da grande mobilização para a campanha de vacinação de animais domésticos contra a raiva. Porém, após um problema registrado com lotes da vacina em 2010 – que culminou na morte de dezenas de animais em todo o Brasil – fez com que a aderência dos donos à vacinação de cães e gatos sofresse uma queda que levou ao aumento dos casos em animais e o retorno da raiva humana.

Prevenção

A vacinação antirrábica é obrigatória por lei e trata-se de fator relevante para o controle da raiva nas populações de cães e gatos e, por consequência, para ter o controle da doença na população humana. Para o combate, os municípios disponibilizam postos de atendimento gratuito que podem ser conferidos online. “Os animais domésticos podem ser infectados pela raiva de diversas formas. Os felinos, por exemplo, são caçadores natos e o contato com um animal infectado, como um morcego, pode fazer com que se infectem com o vírus, trazendo perigo para os humanos que convivem com eles. Por este motivo é importante que as pessoas se conscientizem sobre vacinar seus felinos, mesmo que estes vivam em apartamentos altos e telados”, explica Karin.

A família da comerciante Eliane Silva Guimarães, 39 anos, sabe bem o que é a raiva. Apaixonados por cães, há seis anos eles tinham Bóris, um boxer. Após quatro anos na família, ele começou a apresentar um comportamento estranho, agressivo. Levado ao veterinário, foi diagnosticada raiva. “Não conseguimos fazer nada por ele. Apesar disso, agradecemos por ele não ter infectado ninguém da família”, conta Eliane, que hoje é dona de um casal de boxer – Ayla e Camil. “Nossa atenção é redobrada com eles. Sabemos que há coisas que não podemos evitar, mas perder um animal que amamos é muito doloroso”, diz.

A raiva é transmitida por animais selvagens como morcegos e gambás, através de mordidas ou contato sanguíneo.  A doença atinge o sistema nervoso central dos animais. A primeira mudança ocorre no comportamento. “O pet fica agitado, agressivo, anda sem rumo aparente e deixa de atender aos chamados do tutor”, explica Karin. “Também passa a salivar em excesso, deixa de comer e beber e pode sofrer de paralisia nos membros”. Nos humanos ela é transmitida pela saliva. O animal agitado e agressivo pode morder e contaminar os seus próprios tutores. Em caso de qualquer suspeita, o animal deve ser isolado e mantido em observação, até que se tenha um diagnóstico.