Aluguel: Quase metade dos inquilinos pede desconto; veja dicas de negociação

  • Entre linhas
  • Publicado em 1 de junho de 2020 às 08:31
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:47
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Crise que se abateu sobre o mercado de trabalho por causa do avanço da covid-19 ajuda a explicar os números

A crise do coronavírus fez quase metade dos inquilinos residenciais de imóveis no estado de São Paulo (45%) pedir desconto no aluguel na terceira semana de maio, segundo uma pesquisa feita pelo Secovi-SP (Sindicato da Habitação).

O levantamento, que é semanal, mostra ainda que houve um aumento em relação à segunda semana do mês (entre 11 e 13 de maio), quando 38% pediram para pagar um valor mais baixo, temporariamente, pela locação.

A pesquisa é feita com 36 imobiliárias, e levanta dados tanto de locações residenciais quanto  comerciais. 

No caso dos alugueis comerciais, houve recuo no percentual de pedidos de desconto entre a segunda e terceira semana: de 48% para 42%, segundo a estimativa das imobiliárias.

“Desde o início da pandemia, o setor mais atingido foi o comercial, já que as lojas e restaurantes passaram a ficar fechados. Esses comércios dependem de fluxo de caixa, que ficou paralisado por causa da crise”, afirma Adriano Sartori, vice-presidente de Gestão Patrimonial e Locação do Secovi-SP.

O tamanho da crise que se abateu sobre o mercado de trabalho por causa do avanço da infecção no Brasil ajuda a explicar os números.

A taxa de desemprego no Brasil subiu de 11,2% para 12,6% no trimestre encerrado em abril, com o fechamento de 4,9 milhões de postos de trabalho, um resultado que mostra um impacto ainda inicial da pandemia.

Maioria pede desconto de 50%

O número ajuda a entender porque a maior parte dos inquilinos (68%) pediu um desconto substancial no aluguel, de 50%. Um quarto dos locatários pede redução de 28% no pagamento, e apenas 4% solicitam desconto de mais da metade do aluguel.

“No começo, tinha gente pedindo até mais, 100%, 80% de desconto, mas acabou se consolidando um percentual menor”, diz Sartori.

Quanto à duração do desconto, segundo ele, a maior parte dos pedidos (88%) é para que dure por três meses.

“Nesse caso também houve queda. Bem no começo, na hora do desespero, as vezes estavam pedindo quatro, cinco meses de adiamento. Esse tempo se reduziu”.

Dicas para negociar o aluguel

Segundo Sartori, as imobiliárias vêm aconselhando aos clientes que precisam suspender parte do pagamento a apresentar provas de que perdeu o emprego ou parte da renda por causa da pandemia, já que o governo editou uma medida provisória permitindo que empresas e empregadores domésticos suspendessem contratos ou reduzissem salários.  

De acordo com o representante do Secovi, 7 em cada 10 proprietários de imóveis possuem apenas uma propriedade, e em geral usam a renda como aposentadoria ou complemento de renda familiar.

“Temos recomendado muita negociação e bom senso de ambos os lados. Se você ainda não estiver em situação de perda de emprego, será que precisa pedir desconto agora? Não é melhor lançar mão dessa possibilidade quando realmente precisar?”, pondera.

Como muitos casos estão sendo resolvidos através de conversas, o ideal é que o locatário se muna de provas de que não está mais trabalhando ou que perdeu parte importante do salário.

Outra dica importante é permitir que a imobiliária conduza o processo de negociação. “Na negociação direta, é mais provável que saiam faíscas entre locadores e locatários, já que hoje em dia todo mundo está com problemas”, aconselha. “É interessante ter uma intermediação”.

Apesar das dificuldades desse processo, que costuma durar cerca de um mês, 44% dos casos negociados terminam em acordo, de acordo com o Secovi.

Grandes empresas

O mercado menos atingido quando se fala de renegociação de alugueis foi o de escritórios de grandes empresas, localizadas em regiões da capital paulista como Avenida Paulista, Jardins e Marginal Pinheiros.

Nesses casos, apenas entre 5% e 8% dos contratos monitorados pelo Secovi pediram renegociação. “Os escritórios ficaram vazios, mas as empresas mantiveram suas atividades e continuaram faturando”, explica Cristian Baptista, diretor de Locação da vice-presidência de Gestão Patrimonial e Locação do Secovi.

Ele conta que os contratos de locação das grandes empresas são mais sólidos, envolvendo garantias e penalidades mais altas. “Tivemos duas ondas de negociação, a primeira no início de abril e a segunda em maio. Vamos entrar em junho em uma terceira fase”.

Segundo o executivo, as negociações, em geral, envolvem o compromisso de que o desconto seja diluído nos alugueis dos próximos meses. “Esse foi o mercado menos atingido, com negociações pontuais”, diz.

*6Minutos


+ Economia