Altos níveis de estrogênio no útero estão ligados ao autismo, diz pesquisa

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 11 de agosto de 2019 às 01:24
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:43
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Cientistas descobrem que estrogênios estão mais presentes em fetos do sexo masculino que desenvolvem autismo

Uma equipe de cientistas da Universidade de Cambridge, Inglaterra, realizou uma pesquisa para descobrir se a relação entre hormônios sexuais estrogênios e a possibilidade de desenvolver autismo, uma teoria que surgiu há 20 anos.

Com essa análise, pesquisadores perceberam que os andrógenos pré-natais, que são hormônios esteroides, influenciam para que a criança venha a ter um quadro de autismo.

Em 2015, uma equipe de cientistas da Universidade de Cambridge e do State Serum Institute, na Dinamarca, mediram os níveis de quatro hormônios pré-natais – incluindo dois que são conhecidos como andrógenos – presentes no líquido amniótico, que envolve o embrião, e descobriram que eram mais altos em fetos do sexo masculino, que viriam a desenvolver o autismo após nascerem.

A partir da coleta de amostras amnióticas de 275 fetos feita por estudos anteriores, os cientistas conseguiram perceber que esses estrogênios são capazes de masculinizar algumas áreas do cérebro. Em 98 deles, todos os quatro estrogênios foram significativamente elevados, e foi identificado um quadro de autismo. Nos 177 restantes, os estrogênios não foram identificados em níveis altos e as crianças não desenvolveram a doença.

O professor Simon Baron-Cohen, diretor do Centro de Pesquisa de Autismo da Universidade de Cambridge, que liderou este estudo e que propôs a teoria pré-natal de esteroides sexuais do autismo, disse: “Esta nova descoberta apoia a ideia de que o aumento de hormônios esteroides sexuais pré-natais é uma das possíveis causas para a condição autista”.

No entanto, a equipe alertou que essas descobertas não podem e não devem ser usadas para rastrear e identificar o autismo. “Estamos interessados ​​em entender o autismo, não preveni-lo”, acrescentou Baron-Cohen.

A pesquisa foi apoiada pelos institutos Autism Research Trust, Medical Research Council e Wellcome.


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