Alimentos transgênicos vão deixar de “assustar” aos consumidores. Entenda

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 3 de outubro de 2017 às 18:13
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:22
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PL no Congresso retira dos rótulos dos alimentos transgênicos o símbolo T, considerado alarmista

Tornou-se comum encontrar em rótulos de alimentos brasileiros um “T” dentro de um triângulo com fundo amarelo. Seja em salgadinhos industrializados, em óleos de soja, ou mesmo em pacotes de fubá, o símbolo indica que o alimento contém ingredientes transgênicos, ou seja, geneticamente modificados.

No entanto, isso pode acabar, conforme um projeto de lei em tramitação no Congresso, pois a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado aprovou uma mudança que desobriga os fabricantes a informar sobre transgênicos no rótulo, caso a concentração seja menor que 1% da composição total do produto.

O “T” dentro do triângulo: quando o alimento tem 1% ou mais de transgênicos, a indústria precisa indicar no rótulo, sem a letra inserida na embalagem – Foto: Moisés Dorado / USP Imagens

De acordo com a Agência Senado, caso passe de 1%, a informação deve constar no rótulo, mas sem a chamativa letra “T” inserida no triângulo amarelo.

O professor Flavio Finardi Filho (Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP) admite que sempre foi favorável à informação para o consumidor, desde que seja correta e destituída do alarmismo provocado pelo símbolo T, marca que parece representar um perigo que, de fato, segundo ele, em nenhum momento existiu em se tratando de alimentos geneticamente modificados.

“O que esse projeto acaba trazendo”, diz Finardi, “é uma incorporação na lei do limite que era razoavelmente aceito e foi colocado no decreto que instituiu o símbolo T, que é o limite de 1%”. Ainda segundo o professor, a população deve ficar tranquila quanto à segurança desses produtos. “Não há nenhuma necessidade de pensar que agora o consumidor vai ser ludibriado, muito pelo contrário”, argumenta ele.

Para a professora Marie-Anne Van Sluys (Departamento de Botânica da USP), a mudança representa um grande avanço, “por reconhecer, na verdade, que o produto que está sendo adquirido pelo consumidor é similar ao produto não transgênico”.

A proposta, em discussão no Senado, ainda precisa passar pelas comissões de assuntos sociais e meio ambiente.


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