Agrishow mostra trator ecológico que reduz emissão de poluentes

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 1 de maio de 2018 às 23:24
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:42
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Brasil é o 1º país da América Latina a receber o protótipo, que diminui em até 80% gás do efeito estufa

Entre os avanços tecnológicos
apresentados na edição deste ano da Agrishow, que começou na última
segunda-feira, 30 de abril, duas prometem ajudar a colocar o Brasil na
vanguarda da utilização de veículos não poluentes no campo, zerando a
dependência de combustíveis fósseis e gerando economia aos produtores rurais.

A New Holland Agriculture expõe um trator conceito
movido a biometano, gás obtido a partir do processamento de dejetos de animais
e restos do cultivo de produtos agrícolas. O Brasil é o primeiro país da
América Latina a conhecer o modelo, que deve chegar ao mercado em três anos e
que, segundo a empresa, reduz em até 80% as emissões de CO2, gás do efeito
estufa, e pode representar uma economia de até 30% em relação aos gastos com
diesel.

Já o Centro Internacional de Energias Renováveis-Biogás
(CiBiogás), associação de instituições públicas e privadas fundada dentro do
parque tecnológico da hidrelétrica de Itaipu, no Paraná, divulga um carro com
tecnologia parecida, também movido a biometano e inédito no Brasil.

O primeiro protótipo, lançado em março na Coopavel,
feira realizada em Cascavel (PR), não está exposto na feira, mas profissionais
da associação participam do evento para promover o veículo.

O
diretor de Desenvolvimento Tecnológico do Centro, Rafael Gonzalez, explica que
existem dois ambientes para o uso do biometano no Brasil. Um para veículos
leves, como carros de passeio, e outro para pesados, como ônibus, caminhões e
tratores. “Para os leves, o país está bastante avançado. A tecnologia já é
comum, a mesma do Gás Natural Veicular (GNV). O que a gente não tem ainda muito
dominado são veículos pesados com essa tecnologia trabalhando no campo,
facilitando a vida do agricultor.”

A vantagem, segundo os dois
expositores, é que os veículos permitirão total independência do diesel,
combustível que abastece atualmente a frota rural. O biometano poderá ser
produzido nos próprios sítios e fazendas, por meio de biodigestores, equipamentos
que se adaptam facilmente às propriedades e transformam dejetos em biogás, que
é refinado para virar biometano. 

Pioneiros

O trator apresentado pela New Holland, conhecido como T6, é
uma evolução de protótipos anteriores, os primeiros do planeta movidos a
biometano, que, em 2013, começaram a ser testados em lavouras do Oeste do
Paraná. Já o modelo a ser exposto na Agrishow chegou ao Brasil no ano passado.

De
acordo com Rafael Miotto, vice-presidente da New Holland Agriculture para a
América Latina, a presença desse trator no país é significativa, dada a
importância do agronegócio nacional, que sustenta a economia em períodos de
recessão, e porque reforça o compromisso com a produção sustentável.

Pensamento
semelhante tem Gonzalez, da CiBiogás. Segundo ele, com a nova tecnologia, o
Brasil se alinha às diretrizes do Acordo de Paris, que prevê a redução de gases
poluentes no mundo, e com o RenovaBio, programa de incentivo aos
biocombustíveis assinado pelo governo federal em março.

Ele afirma que o carro
desenvolvido pela associação, o CH4PA – em alusão à fórmula do metano (CH4) –,
que vem sendo chamado de “chapa”, além de proporcionar economia de combustível
e reduzir a emissão de poluentes, é leve em comparação com outros veículos
tradicionalmente usados no campo e pode acessar lugares em que tratores
convencionais não entram.

Resultado
de uma parceria com uma empresa austríaca, o modelo recebeu o apoio de Itaipu
porque, de acordo com Gonzalez, é de interesse do parque nacional fomentar
avanços no mercado de biogás. Mais de 80 veículos da hidrelétrica já são
abastecidos com biometano.

O chapa
deve ganhar um segundo protótipo até o ano que vem e a expectativa é que, a
partir de 2020, tenha sua produção expandida. “Conforme a disponibilidade de
biometano for aumentando no país, a gente avança com a tecnologia”, afirma
Gonzalez.


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