Adolescentes acima do peso têm risco elevado de doença cardiovascular

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 17 de maio de 2019 às 17:11
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:33
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Estudo foi realizado pela Unesp com apoio da Fapesp e mostra o risco elevado causado pelo excesso de peso

Adolescentes com sobrepeso apresentam o mesmo risco
de doença cardiovascular que jovens obesos, mostra pesquisa da Universidade
Estadual Paulista (Unesp) em Presidente Prudente e Marília.

O estudo, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa
do estado de São Paulo (Fapesp), foi desenvolvido com 40 adolescentes com
idades entre 10 e 17 anos e comparou resultados de testes cardíacos entre
grupos de obesos e com excesso de peso.

Os resultados foram publicados na revista científica
Cardiology
in the Young
. “Já sabemos que adolescentes obesos têm
alto risco de desenvolver, mais futuramente, uma doença cardiovascular como
hipertensão; dislipidemia, que inclui aumento nos triglicérides e aumento no
colesterol HDL no sangue; desenvolver diabetes, AVC, infarto. Mas quando
comparando essas variáveis fisiológicas entre o grupo obeso e com sobrepeso a
resposta deles foi idêntica”, disse Vitor Engrácia Valenti, professor da Unesp
de Marília e coordenador da pesquisa. Até então o sobrepeso na adolescência não
era considerado um fator de risco tão importante.

Segundo o pesquisador, os resultados chamam atenção
para a necessidade de cuidados desde o ganho de peso inicial dos adolescentes.
“Quando começam a perceber a questão de alimentação, de exercício físico,
sedentarismo, quando percebem que o filho já está começando a entrar um pouco
no sobrepeso, começa a perceber gordura na barriga, que ele tem dificuldade
para realizar algum tipo de esforço é importante levar o filho ao
cardiologista, nutricionista, endocrinologista. É fazer ações preventivas”,
disse.

A Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2017 e
feita pelo Ministério da Saúde, aponta que quase um em cada 5 (18,9%)
brasileiros são obesos e que mais da metade da população das capitais
brasileiras (54%) estão com excesso de peso. Valenti, a partir de dados da
Organização Mundial de Saúde (OMS), chega à conclusão de que o país tem cerca
de 35% de crianças com sobrepeso e 15% obesas.

Os pesquisadores dividiram os 40 adolescentes em
dois grupos com meninos e meninas na mesma proporção e com diferentes valores
de escore-z – escala usada no diagnóstico nutricional de crianças e
adolescentes, baseada no número de desvios padrão acima ou abaixo da média da
população na mesma idade.

Eles foram submetidos a um protocolo de exercício
físico moderado, de caminhada por 20 minutos em uma esteira sem inclinação, que
exigia 70% da frequência cardíaca máxima estimada para a faixa de idade.

A variabilidade da frequência cardíaca dos
adolescentes foi medida antes e depois do exercício para avaliar a velocidade
de recuperação cardíaca na sequência da atividade física.

De acordo com os pesquisadores, essa medida permite
analisar o risco de uma pessoa apresentar uma complicação cardiovascular
imediatamente após uma atividade física e também estimar o risco de ter uma
doença cardiovascular no futuro.

Nos primeiros segundos de um exercício físico, há
uma redução da atividade do sistema nervoso parassimpático, que é responsável
por estimular ações que relaxam o corpo, como desacelerar os batimentos
cardíacos. Após os primeiros 50 a 60 segundos do esforço físico, há um aumento
da atividade do sistema nervoso simpático – estimulando ações de resposta a
situações de estresse, como a aceleração dos batimentos cardíacos, por meio dos
efeitos da adrenalina.

Segundo Valente, estudos anteriores demonstraram
que, quanto maior o tempo que esse sistema nervoso autônomo demora para se
estabilizar após o exercício e, consequentemente, recuperar a frequência
cardíaca normal, maior também é a predisposição para o desenvolvimento de uma
doença cardiovascular ou metabólica.


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