A TEMPESTADE VAI PASSAR!

  • EntreTantos
  • Publicado em 15 de agosto de 2018 às 15:06
  • Modificado em 8 de abril de 2021 às 14:27
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Saudações paciente leitor!

Qualquer mortal que se atreve a enveredar através dos vales do conhecimento, compreende o poder que possui a palavra!

Ainda que alguns insistam em defender, que a questão não é propriamente as palavras, mas, quem as ouve. Entretanto, mesmo o leitor mais cético há de convir que, a palavra é uma arma mais poderosa que qualquer ogiva nuclear, no sentido de destruição, como bem demonstrou Adolf Hitler, que assassinou mais de 18 milhões de seres humanos, valendo-se unicamente das palavras. Em igual medida as palavras semearam a paz em terrenos insólitos, e salvaram milhares de vidas, na alma de alguns, como Dalai Lama e Mandela. As palavras semeiam a vida, alegrias e amor. Também, em igual proporção, geram o ódio, desgraças e a morte.

Mencionei tal reflexão turva, visando, obviamente, afetar um alvo certo que merece que esmeremos com mais afinco.

É de conhecimento geral que o número de suicídios em nossa região ultrapassou e muito o limite do “aceitável”, embora, nesta questão tão lastimável, seria inadmissível se houvesse uma estatística considerada “normal”. Ao mencionar suicídio, faço referência tanto às tentativas infrutíferas, quanto à consumação. Em artigos anteriores abordei o fato com dados técnicos, que colhi junto a quem trabalha o assunto, como estatísticas, abordagens e maneiras de se prevenir o “assunto” que, não sei porque cargas d’agua, a sociedade opta por não se abordar.

Devemos de fato, quebrar este tabu pré-estabelecido e falar mais sobre a questão do suicídio. Buscar informações para que, de repente, possamos salvar efetivamente alguém que está a um passo de saltar para a morte.

Seria preciosismo meu, acreditar que minhas palavras pudessem, de repente, persuadir alguém a desistir desta ideia absurda, mas, por outro lado, negar propor uma reflexão seria muita covardia.

Eu espero profundamente que não, mas, se por acaso você, meu paciente amigo, esteja ruminando sobre a possibilidade de assassinar-se, se busca o tal “alivio imediato”, rogo para que se permita algumas perguntas?

Aquilo que você julga ser um sofrimento além de sua alçada, acabaria mesmo com a sua morte? A menos que o sofrimento de seus familiares e das pessoas que lhe amam não lhe afete em nada. Pois, tecnicamente, mais de 90% dos familiares de suicidas nunca mais conseguem ter uma vida normal, necessitando de acompanhamentos médicos e tratamentos intensivos para o tal “sentimento de culpa”.

Será que o mundo perdeu de fato as cores, ou, de repente, você desistiu de vê-las, mergulhando profundamente no mundo obscuro que seus olhos produziram?

Compreenda que nós, pobres mortais, somos, muitas vezes, criaturas mesquinhas, agarradas a questões materiais e profundamente negligentes nas coisas da alma, no essencial. Esperamos e acreditamos na fábula de que gozaremos felicidade plena, que nenhuma pedra há de se opor em nosso caminho. Ingenuidade nossa! É necessário entender que virão muitas tempestades. Algumas até farão seu barco sacolejar com maior ímpeto. Outras vão macular de cinza longos dias de sua existência, mas, em igual medida, virá a bonança, florescerá caminhos verdejantes e seguros. O que faz você crer que as desgraças que lhe afetam sobrepõem às minhas, ou de qualquer outro mortal? Esperamos muito da vida e nos doamos tão pouco a ela, que chega a ser uma lástima desperdiçá-la, sem antes sugar cada gota deste néctar.

Se ainda assim, minhas palavras não lhe seduziram a, pelo menos, refletir um pouco mais, proponho ponderar a questão num dia em que a angustia estiver dissolvida em seu âmago. Quando se há uma tempestade, os raios que imaginamos são mais impiedosos, mas, num dia de céu azul, é quase um grande desperdício perder tempo imaginando tal coisa.

Meu pedido, amigo, paciente e cumplice leitor, é que viva.

Viva intensamente a vida, e deixe que ela, somente ela, lhe conduza através de cada página, até o capítulo final.

*Essa coluna é semanal e atualizada às quartas-feiras.


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