A importância da mastigação para crianças vai além da alimentação

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 20 de outubro de 2018 às 13:07
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:06
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Além de triturar os alimentos para o processo de digestão, mastigas também fortalece os músculos da face

Hoje em dia, muitas
crianças mastigam rápido demais e até com a boca aberta, então surgem as
dúvidas: Quais os prejuízos de uma mastigação muito rápida? Como posso ajudar
meu filho a comer melhor? Quais os prejuízos para criança quando come rápido?

O desenvolvimento da
mastigação é gradativo e está relacionado ao desenvolvimento da criança. O
mastigar é uma função aprendida, diferente de outras funções, como a sucção, na
qual nascemos aptos a realizar e se é um ato aprendido, depende de treino.

O treino começa muito cedo, quando o bebê começa a levar suas mãos
e objetos à boca; os mordedores com diferentes formatos e texturas, serão
importantes estímulos na cavidade oral, preparando-a para perceber os
diferentes alimentos.

Esse processo de aprendizado da mastigação terá adaptação às
condições anatômicas, pelas quais a criança passará, por exemplo com o
surgimento dos dentes, que ajudarão nas diferentes texturas dos alimentos e nos
movimentos que a criança realizar.

Quando mastigamos, além da importante função de quebrar os
alimentos em pedaços menores, para facilitar a digestão dos nutrientes, também
fortalecemos os músculos da face e oral (orofaciais). Esses músculos participam
na sucção, mastigação, deglutição (ato de engolir), respiração e fala. Assim,
quando uma criança não mastiga direito, ela poderá prejudicar o processo de
digestão dos alimentos e poderá apresentar alterações na musculatura envolvida.

Introdução alimentar

A Organização Mundial da Saúde (OMS),
orienta a amamentação exclusiva até 6 meses de idade, após esse tempo, a
alimentação complementar deverá ser introduzida lenta e gradualmente. No início
será mais pastosa, mas a consistência será gradualmente modificada, até chegar
à alimentação da família.

A mastigação, portanto, se apresentará
nessa fase de adaptação, servirá de estímulo para o desenvolvimento
craniofacial e auxiliará o crescimento dos ossos da face e do posicionamento
dos dentes.

Alimentos sólidos

Crianças que se alimentam
exclusivamente e de forma contínua com dieta mais pastosa, com alimentos
liquidificados ou com mamadeiras, não exercitam os músculos orofaciais
adequadamente, influenciando na realização das funções da boca, como a fala.
Esse alerta vale inclusive para pais e cuidadores que permitem que as crianças
substituam as refeições por mamadeiras e ao fazer isso, deixam de realizar a
função mastigatória.

A criança tem o adulto como modelo para muitas, senão todas, as
ações e percepções que tem, e a mastigação é uma dessas ações. Por isso as
refeições devem ocorrer em família, todos sentados à mesa. É importante também
dar autonomia para criança explorar os alimentos e levá-los à boca.

Os pais podem auxiliar seus filhos no processo de aprendizagem da
mastigação observando e tomando algumas atitudes, por isso deixo algumas dicas
abaixo:

– Ofereça um local adequado, para que a
alimentação ocorra com tranquilidade;

– A refeição deve ocorrer sem outros
estímulos no ambiente, como tabletes, filmes e canções, que possam distrair a
criança do ato de comer

– Ofereça vários tipos de alimentos com
sabores e texturas diferentes, de acordo com a idade;

– Substitua o uso de mamadeiras por
alimentos que a criança possa mastigar.

Caso a criança tenha muita dificuldade
em realizar a mastigação, mesmo passada a fase de introdução alimentar, os pais
podem buscar orientação com profissionais, como fonoaudiólogos, especialistas
em Motricidade Orofacial.

A mastigação correta é fundamental para
o desenvolvimento da criança e adaptação às diferentes texturas de alimentos
que lhe serão apresentadas e é missão dos pais e cuidadores prezar pela saúde
dessa ação.


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