646 mil pessoas morrem todos os anos em quedas: aprenda a evitá-las

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 23 de novembro de 2019 às 15:12
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:03
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As quedas mandam mais gente ao médico, principalmente os jovens, do que todos os outros acidentes juntos

​Depois da queda do apresentador Gugu Liberato e da jornalista Glória Maria, percebemos a importância de atentar para cuidados dentro de casa, de modo a evitar quedas e acidentes.  

Tememos ataques terroristas, mordidas de tubarão, surtos de Ebola e outros perigos remotos, mas estima-se que 646 mil pessoas morram anualmente no mundo depois de cair. 

As quedas são a segunda maior causa de morte por ferimentos, ficando atrás apenas dos acidentes de trânsito. Nos Estados Unidos, as quedas causaram mais de 33 mil mortes em 2015.

O perigo das quedas

Como causa de ferimentos, as quedas são ainda mais significativas. 

Nos Estados Unidos, mais pacientes vão para o pronto-socorro depois de cair do que por outras causas, inclusive acidentes de trânsito, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças. 

E, embora idosos com ossos frágeis certamente precisem tomar cuidado, talvez não sejam eles o grupo com mais risco de se ferir numa queda. 

Num estudo publicado ano passado na revista PLOS One, quase 18% dos homens de 18 a 44 anos sofreram ferimentos ligados a quedas nos três meses anteriores, mais que o do dobro do percentual dos homens com 65 anos ou mais.

As quedas podem acontecer em qualquer lugar, a qualquer momento e com qualquer um. Quedas espetaculares, de grande altura, como o mergulho dos irmãos Moreno, na verdade, são raríssimas.

Os pontos mais perigosos para quedas não estão nos telhados nem em penhascos, mas nos ambientes da vida cotidiana: o chuveiro, o corredor do supermercado, as escadas.

Qualquer queda, mesmo da cama, pode mudar profundamente a vida, levando alguém da saúde à invalidez em menos de um segundo. 

Não admira que hoje os cientistas incentivem pessoas de todas as idades a aprender a cair para minimizar ferimentos e a considerar as quedas não um risco inesperado a evitar, mas uma inevitabilidade para a qual se preparar.

Como cair sem se machucar

A desaceleração é o segredo para sobreviver às quedas e reduzir os ferimentos. Como dizem, “não é a queda que mata; é a parada súbita no final”.

Dados o tremendo custo das quedas para os indivíduos e a sociedade e o conhecimento cada vez maior de como e por que ocorrem as quedas, vale a pena aprender a preveni-las e também a cair sem se machucar muito quando a queda for inevitável.

Algumas dicas a seguir são apenas bom senso, mas são deixadas de lado com muita frequência até que esse desdém provoque um acidente.

Algumas sugestões podem exigir um certo treinamento ou, pelo menos, alguma prática. Vale a pena levar todas elas em conta, por mais que você sinta os pés firmes no chão.

Prepare o ambiente

  • Prenda os tapetes soltos ou livre-se deles;
  • Veja se o topo e a base das escadas estão iluminados;
  • Limpe imediatamente os líquidos derramados;
  • Instale barras de segurança e cole fita antiderrapante no piso dos chuveiros;
  • Trate as superfícies polidas, como pisos de mármore liso, com cobertura antiderrapante;
  • Nos lugares muito frios, se houver geada diante de sua casa, remova-o e cubra a calçada de sal.
  • Tome cuidado, mesmo nos lugares mais comuns

Olhe por onde anda. Não caminhe lendo nem olhando o celular. Sempre se apoie no corrimão; a maioria dos que usam escadas não faz isso. 

Não ponha as mãos no bolso, pois isso reduz a capacidade de recuperar o equilíbrio ao tropeçar. Lembre-se de que seu equilíbrio também pode ser afetado por uma mala ou mochila pesada.

Melhore seu equipamento

Calce bons calçados com ressaltos na sola. No gelo, não use salto alto. Use capacete quando pedalar, esquiar e andar de skate. Apoie-se em uma bengala ou andador, se necessário. Faça caminhadas rústicas com os bastões apropriados.

E use aparelho auditivo, caso precise. “Os indivíduos com perda auditiva tiveram mais dificuldade de andar e manter o equilíbrio e apresentaram melhora significativa quando usaram o aparelho”, diz Linda Thibodeau

Ela ]e professora do Centro de Pesquisa Avançada em Audição, no campus de Dallas da Universidade do Texas, resumindo um recente estudo-piloto.

Escute seu corpo

Drogas, álcool e até a privação de sono podem afetar o equilíbrio e a coordenação, tornando-se um fator das quedas. 

Quando se sentir tonto ou prestes a desmaiar, sente-se imediatamente. Não tema que os outros pensem que você é fraco ou está sendo grosseiro; poderá se levantar assim que confirmar que não vai perder a consciência.

Faça uma alimentação para conservar a densidade óssea e a força muscular, principalmente se for mais velho, para reduzir a probabilidade de se ferir caso caia. 

Um estudo de 2015 com mais de 12 mil idosos franceses encontrou uma ligação entre má nutrição, quedas e fraturas. 

Um treinamento de força também ajuda. A força na parte inferior do corpo é importante para se recuperar de escorregões; a da parte superior, para sobreviver às quedas.

Se as quedas forem inevitáveis, role

Os cientistas que estudam as quedas estão desenvolvendo “reações seguras de pouso” para limitar os danos. 

Se estiver caindo, proteja primeiro a cabeça. Os treinadores de luta e de paraquedismo incentivam os alunos a não cair diretamente para a frente nem para trás. O segredo é rolar e deixar as partes carnudas do corpo absorverem o impacto.

“Não estenda as mãos para o chão”, diz Chuck Coyl, diretor de lutas da Ópera de Chicago, ao descrever como ensina os atores a cair no palco.

“Distribua o peso na batata das pernas, nas coxas e nos glúteos, rolando sobre o lado exterior da perna, em vez de cair duro para trás.”


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