14 de abril, Dia Mundial do Café, a bebida mais popular para os brasileiros

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 14 de abril de 2019 às 12:01
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:30
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O Brasil é o segundo maior consumidor de café do mundo, com consumo médio anual de 4,8kg por pessoa

O Brasil é o segundo maior consumidor de café do mundo. Na
primeira refeição do dia, durante o horário de trabalho ou até com eventos
especiais nos fins de semana, o produto faz parte da rotina e da história de
milhares de brasileiros.

O Dia Mundial do Café é comemorado neste domingo, 14 de abril. “Pessoas
nem conseguem entender porque elas tomam café, mas elas tomam todos os dias.”,
diz Victor Ávila, barista e dono de uma cafeteria em Brasília.

“Além de apreciar o gosto, tenho memórias afetivas com café,
lembrando dos lanches na casa das minhas avós; de acordar com o cheirinho do
café passado por minha mãe”, conta a médica Camila Damasceno. Ela toma o
tradicional cafezinho todos os dias, “pelo menos quatro vezes”.

A servidora Salete Gomes, tem o mesmo hábito, consumindo a
bebida diariamente. No fim de semana, ela tenta tomar apenas após o almoço, mas
durante a semana conta que não consegue ficar sem. “Normalmente quando não tomo
café pela manhã, mesmo que faça o desjejum, sinto dor de cabeça.”

Consumo

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o
consumo médio anual por pessoa é de seis kg de café cru e 4,8 kg de café
torrado e moído.

De acordo com dados mais atualizados da Abic, a produção
nacional chegou a 21 milhões de sacas em 2018 (considerado o período entre
novembro de 2017 e outubro de 2018).

A soma representou aumento de 5% em relação aos doze meses
anteriores (novembro de 2016 a outubro de 2017), período no qual foi registrada
a produção de 20 milhões de sacas.

A associação ressalta que o desempenho foi importante,
considerando que houve uma baixa entre 2016 e 2017 da oferta do grão em razão
de uma seca que atingiu a plantação do produto.

No consumo per capita, a variação entre os dois períodos foi de
4,65 kg para 4,82 kg de café torrado e moído.

A análise da evolução é complexa, já que a entidade alterou a
metodologia (deixando de considerar as sacas de empresas não cadastradas). Mas
na série histórica, o Brasil teve uma boa evolução nos anos 2000, saindo de 13
milhões para 20 milhões de sacas em 2011. Depois disso, o país vem mantendo
esse patamar.

Quanto ao tipo, o consumo ainda é dominado pelo café em pó,
responsável por 81% do produto consumido no país, segundo dados de 2017.

Em seguida, vem o grão torrado, com 18%. As cápsulas, cada vez
mais disponíveis em supermercados, representavam somente 1% do total no ano do
levantamento.

A Abic avalia que há uma demanda maior por cafés de qualidade.
Segundo estatísticas da associação, na análise dentro do que a entidade chama
de “categoria de qualidade”, a modalidade “gourmet” teve participação de 6% em
2016. Mas a projeção da associação é que seu peso no mercado chegue a 12% neste
ano.

Novas variedades

Barista e sócio de uma cafeteria em Brasília, Vitor Ávila também
identifica este movimento por um maior interesse em cafés diferentes e
especiais. “Pessoas estão começando a entender que café pode ser uma bebida
mais complexa do que vinho, cerveja. Por isso, há tantas cafeterias e
torrefações abrindo.”, destaca.

Segundo ele, há um trabalho com pequenos produtores, mas também
os grandes estão saindo do que chamou de “café de commodity”. O país
estaria rumando a um “viés de qualidade”.

Com isso, continua Ávila, o Brasil estaria se aproximando de
nações com maior tradição em cafés especiais, como na América Central e na
África.

“A gente é o maior produtor de café, mas não somos o produtor de
café especial do mundo. O Brasil está se encaminhando para ser um dos maiores
do mundo.”, acredita.

Mas há quem prefira ficar no básico. “Gosto do tradicional, o pó
embalado a vácuo, sentir aquele cheiro irresistível quando está sendo coado, no
filtro de papel ou no velho coador de pano.”, comenta a bancária Salete Gomes.
“Tenho uma máquina Nespresso, às vezes é meu “momento Gourmet “, mas
nada substitui o bom café coado.”, diz a professora de francês Rebeca Porto.

Impactos na saúde

A nutricionista Valéria Paschoal, da VP Centro de Nutrição
Funcional, explica que os efeitos do café na saúde são diferentes em cada
pessoa. “Há pessoas que tomam o café em pequenas quantidades têm impacto na
saúde, como maior hiperatividade, dificuldade de ter relaxamento, mas é coisa
individual”, comenta.

Segundo ela, em termos gerais, estudos mostram que até 360
miligramas (o equivalente a seis xícaras de cafezinho) não tem consequência
nenhuma na saúde.

“Há estudos mostrando que, para crianças tomar café pela manhã,
pode ter benefícios na atividade cognitiva.

Outras pesquisas demonstram que o cafestol, o fitoquímico
presente no café, tem atividade antioxidante na prevenção de várias doenças,
afirma.

Para avaliar se o consumo acima desses parâmetros terá impactos
negativos na saúde, acrescenta a nutricionista, é preciso averiguar diferentes
elementos e características, como o quadro gástrico do indivíduo. O mesmo vale
para os efeitos de agitação sobre o sono para quem toma a bebida à tarde ou à
noite. De acordo com o metabolismo, as pessoas podem ou não sentir reações.

Uma quantidade acima pode prejudicar a absorção do cálcio,
facilitando a ocorrência de osteoporose. Ela sugere o consumo do café orgânico,
e no preparo coado. “Este é o mais saudável”, recomenda a nutricionista.


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